quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Precípicio precipitado

E ela corria pela tempestade, a chuva batia em seu rosto como chicotadas geladas. Sentia cada gota lhe pedir para não continuar. Sentia cada vento forte a dor do frio e logo depois o vazio da entorpência causado pelo mesmo. Ela se cansara de ficar esperando a chuva passar, havia esperado tanto tempo debaixo de um guarda-chuva enburacado que prefiriu se arriscar. Se era para molhar, que molhasse tudo de vez. Corre sem sentido dando voltas por ai, às vezes para, olha para o céu e percebe que as nuvens não vão embora tão cedo.

E foi assim que ela se entregou a dor.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Insuficiente

Sou tão vazia. Não queria que as pessoas vissem minha fraqueza assim. Também não queria os deixar triste. Queria deixar um sorriso nos rostos das pessoas e uma sensação de paz, mas não a paz aqui dentro.

Queria somente um sorriso.

A noite chega

Não sou o suficiente para aqueles que amo e isso me dói. O afeto não é suficiente para quebrar minha solidão e isso me arde. Eu queria uma mão no meu ombro e uma promessa de melhora, queria um abraço apertado que durasse uma noite e que me deixasse dormir. Porque os pesadelos não me abandonam, tem uma tentativa ingênua de não me deixar só. Acordo. Grito. Viro na cama. Como se todos os medos estivessem ao meu lado, me mostrando que a solidão não me alcança. Eu só queria descansar, realmente. Dormir não tem feito efeito algum.

Preciso de certezas.

Ardendo

Me sinto tão só. Ninguém consegue quebrar esses muros que a dor construiu em volta de mim. Ninguém consegue entender o que se passa aqui dentro.

Mais uma vez sua falta arde em mim feito machucado.
Mais um antigo.

eu me perdi no tempo, me perdi com o tempo.

fui arrastada por cada passo que eu dei para frente sem saber, e cada pensamento foi se perdendo, como pegadas na areia, são nada além de rastros que ninguém está interessado em seguir.
sempre soube que um dia, mais tarde, eu iria cair, sabia que continuar naquela direção era ir para sombra, mas andei tanto no piloto automático que nem eu mesma sei como voltar.
agora estou perdida no meio do nada, procurando os pedacinhos que deixei.

espero que ninguém olhe para mim do jeito que eu olho a garota que reside no meu espelho.

desde sempre

texto de maio desse ano.

Falha até no que a interessa, esquece de sonhar, esquece de respirar para poder conseguir. esquece que ninguém vai fazer o que ela precisa fazer por ela mesma, mas ela não confia em si o suficiente para fazê-lo.
garota estúpida, egocêntrica e idiota.
vocês não merecem olhar para ela, pensar sobre ela, ela é nada, somente o que ela mesma proporcionou, nada.
é da garota do meu espelho que eu falo, tento desviar o olhar toda vez que eu a vejo.

Me sinto sozinha de novo, minha respiração acompanha o ritmo dos meus pensamentos. Todos os lugares do meu corpo doem como nunca antes. Não existe vida para sustentar todo esse peso. As funções alcançam seu próprio sentido. Respirar para quê? Comer para quê? Se não quero alimentar esse grande poço de vazio que me tornei.

Me perdi no caminho.

Para onde devo ir?

Se nada mais consegue retirar esse peso no meu peito, o espelho nunca foi tão inimigo. Não consigo mais olhar para meu reflexo e ver cortes e cicatrizes que não parecem estar lá para as outras pessoas. A garota do espelho, mutilada, cortada, dolorida ri dos seus ferimentos. Ela aprontou para estar ali. E eu aqui do outro lado suspiro, não há nada a fazer. Só eu consigo ver o estado dela e só eu sou capaz de salvá-la. E não tenho forças para isso.

Acabou por aqui.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Fracasso

Seu rosto marcado pelos ataques da insônia, pela queda e pela fraqueza. Era difícil não notar o machucado que completava as olheiras fundas. Era o retrato da desistência, do nível mais baixo de estima que alguém poderia ter. Não havia vida, parecia o fim. Era o fim para aquela pequena pessoa, tentou ser grande, se machucou por querer viver. Arranhada, dolorida e fracassada, assim ela seguiria sem destino.

Era o vazio atacando aquela pequena menina colorida.

Hoje a fé me abandonou

Depois da dor intensa, a entorpecência. Como depois de bater alguma parte do corpo e colocar gelo para não deixar roxo. Você não sente, mas fica sensível a novas pancadas. Agora, imagine-se todo com essa mesma sensação. Parar no meio da subida, não consiguir descer e não subir. Somente deslizar lentamente para o próximo precípicio. Nem a garota do outro lado se coloca. Não há nada em mim. Vazio, vazio, vazio.

Me perdi. De vez.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Fracassada

Mostrar sorrisos que não existem. Andar quando queria estar num canto. Ter o maior sono do mundo e não conseguir dormir por causa da insônia. Tomar banhos demorados e se perder no meio deles. Comer quando não existe a vontade de estar se alimentando. Alimentando esse grande monstro que vive em mim e rouba minha vontade de viver. Eu mesma.

Bem vinda a realidade.

domingo, 13 de setembro de 2009

Desafio.

Respirei fundo e manti o foco no objetivo. O meu fôlego teimava em não ser constante, cortado pelos lampejos de medo e dor. A coragem que havia achado nos sonhos havia se perdido novamente diante ao desafio. Não podia ter erros, não havia o direito de tê-los. A menina do espelho olhava fixamente para mim, ansiando a hora da minha queda, podia ver seu sorriso de canto de boca. Não havia tempo e precisava fazê-lo - se não, me custariam horas de sofrimento por ter sido fraca de novo.

A maior luta é aquela em que envolve você e seu reflexo.

A menina do espelho se prepara para revanche.

domingo, 6 de setembro de 2009

A verdade

Se eu sei tanto da verdade, por que eu luto contra? Se eu sempre tive essa certeza, por que quando confirmada me causa tanta polêmica?

Talvez, nossas fraquezas admitidas quando afirmadas elas se tornam certezas mortas. Não mudam, e não tem aquela pequena chance de estarmos enganados.

Do que estou falando? Eu sempre soube...

O problema é quando juntam duas fraquezas a casa cai.

A perda.

Foi um herói. E agora subiu ao céu, como um anjo que sempre foi em vida. Me trouxe momentos únicos. Trouxe a esperança, carinho e amor. Eu morreria por ele, mas no entanto ele morreu por mim. E não tenho formas de expressar a minha perda. Levou parte de mim, levou metade do meu sorriso com ele. Ele foi único. E eu queria que ele estivesse de algum modo me vendo e notando o quão forte eu tenho sido. Me sinto a mais forte do mundo por ter suportado tamanha dor. Fora a maior dor da minha vida, a pior perda. E hoje se intensifica a saber que meu anjo não se curou, que ele foi para os céus.

Eu sei que ele olha por mim.


Eu vou sempre te amar anjo, por mais que doa lembrar dos nossos momentos, por causa do final trágico.

For your love to the skies was sent , he's turned into sparks that shine with the stars... ... And by night he will always be there for his lady to stare and thus he's never died.

Metades, simples assim

Ela não precisou dizer nada - suas crises, seus choros, medos, pensamentos, realizações - carregava as dores no olhar e mesmo assim foi preciso somente um abraço daqueles bem apertados para fazê-la esquecer de todos os temores. Ele não precisava saber, tampouco entender, só sua presença já acalmava tudo dentro dela. Era a paz que ela procurava a cada minuto sufocado.
Mesmo se passando tanto tempo, a sensação de paz é tão inigualável que ela se questiona se sentirá de novo e de novo. Cada dia é um dia diferente e cheio de sorrisos quando ela o via. Independente de tudo, ele a fazia feliz. Ele a faz feliz.


Fora um dia difícil e tormentado para aquela menina, e para grandes abismos pessoais a salvação ela não imaginara que seria uma visita especial.

sábado, 5 de setembro de 2009

Mais um defeito.

Eu queria saber esconder as minhas fraquezas. Queria mesmo colocar um véu sobre ela e deixar elas guardadinhas para mim na hora certa. Porque eu sei que quando colocar as minhas dores para fora a resposta não vai ser o que eu queria. E chegando em casa vou ter mais uma dor para me afogar. A do não entendimento, a da falta de preocupação.

Eu sei que eu gosto de ter atenção.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Agonia

Eu o amo tanto quanto eu posso. Chega na minha linha de limite. Amo tanto que meus olhos realmente ficam marejados com qualquer coisa. E não ter o poder sobre algumas coisas me frustra. Eu só quero seu sorriso. Não é algo que se compre ou que seja de fácil querimento. Mas é por isso que eu vivo. Pela essa demonstração de felicidade que vem de você.

Eu te quero feliz tanto quanto eu quero comigo.

Não há palavras para descrever essa agonia de te ver sólido. De não poder fazer nada. De ser pequena demais.

Insuficientemente grande.

Amadurecência ou plena consciência?

Vejo uma foto antiga nossa, numa época que as coisas pareciam tão fáceis. Não havia o meu medo maior que tudo tampouco a consciência do que se passava na sua cabeça. Não que o sentimento tenha diminuído com o tempo, mas nossas fraquezas foram mostradas um ao outro. E diante delas, a dor. Saber que o outro está sofrendo chega a corroer. A felicidade é única, não há jeitos de ser feliz sabendo de sua tristeza. Somos um só.

Queria poder estar o tempo todo com você e nesse tempo garantir o seu sorriso.


Queria ser o suficiente para fazê-lo.

Sólida

Sentia tanta vontade de chorar quanto lhe era possível. Não sabia porque o motivo. Ele era todo uma essência. Uma ânsia guardada a tanto tempo dentro dela. Não sentia vontade de fazer mais nada. Estava saturada de si mesma, de pensamentos. Queria deixar tudo escorrer como se escorrem as lágrimas. E ninguém estava ali para colocar o seu rosto no ombro. Ela estava só. De novo.

Sólida

O mais estranho é tentar compassar a vida interior com a vida real. Estranho ter que me preparar para receber com o mais falso dos sorrisos qualquer outro ser estranho que venha me visitar. É como se eu contivesse toda uma energia em mim e as pessoas não entendessem. Eu não sei se a luta interna transparece para aqueles que se candidatam a ver. Não sei se eles percebem e fingem nem ver ou se minha capacidade de disfarce é realmente boa.

Só sei que eu prefiro estar rodiada de entendimento.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Minha esperança.

Ela olhou para mim. Qualquer pessoa poderia ter ignorado seu olhar tão carregado de inocencia, qualquer pessoa poderia ter só notado a direção esquecendo de ver o que aquilo significava. Mas eu não. Seus olhos diziam tantas coisas que só eu - por saber tanto dela quanto parecia possível - poderia entender. Havia preocupação nos seus olhos, um ar de quem quer ajudar e sabe que errou. Ela pediu desculpas com aquele olhar. E eu aceitei. Não tenho escolha quando se trata dela. Pois ela conquistou meu coração e me fez sorrir.
E é assim que ela me prova que eu não estou sozinha.

Assim como a dor, esse amor só quem vê sou eu.

Sólidão ou Ardencia

É claro que a dor é minha. Indivísivel e permanente. Ela não vai embora nunca, só aperta.

E hoje ela decidiu arder, latejar, cutucar. Decidiu que hoje era dia ganho para a menina do espelho.

Eu tenho que aceitar minha dor. A solidão nunca existirá se ela estiver aqui. Fazendo compania com meus pensamentos inconstantes.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ouvindo a mente

Pude ouvir com nitidez a voz na minha cabeça "Tadinha dela, tão pequenininha querendo ser tão grande!"

Senti a ironia e o desprezo em sua frase. Era ela de novo.